Carreira Gerencial e Carreira Técnica, qual escolher?

Para quem definir a sua carreira em cargos técnicos e gerenciais. Artigo muito importante da revista INFO: Muito falada, a carreira em Y, com chances iguais para profissionais técnicos e gerenciais, nem sempre funciona na prática.
Tornar-se um executivo cada vez mais distante do mundo dos bits ou aprofundar seus conhecimentos técnicos? No planejamento da carreira de um profissional de tecnologia, essa é uma dúvida que, cedo ou tarde, precisa ser encarada. Se sua preferência é pela especialização, é melhor procurar uma empresa que ofereça a chamada carreira em Y — que oferece oportunidades de crescimento tanto pelo caminho técnico como pelo gerencial. O problema é que poucas empresas têm condições de estruturar um programa que valorize os especialistas.
Para o vice-presidente de desenvolvimento humano da HP, Antonio Salvador, só conseguem manter carreiras em Y as companhias que reúnem três características: tamanho, diversidade de soluções e produtos que se baseiem em geração de conhecimento. \\\\\\\”Em empresas pequenas e médias, não há como poupar os especialistas das funções gerenciais\\\\\\\”, diz. Esse não é o caso da HP, que possui mais de 300 000 funcionários no mundo, sendo 8 500 no Brasil. A carreira do contribuidor individual, como é chamado o especialista técnico, existe há mais de dez anos e hoje abarca cerca de 20% dos funcionários no país. \\\\\\\”A remuneração pode fi car equivalente à de um posto de vice-presidente. O que muda são os bônus, que são diferenciados para quem tem metas a atingir\\\\\\\”, diz Salvador. Para Lucas Toledo, especialista em TI e telecom da consultoria Michael Page, as carreiras em Y são importantes em companhias que têm como foco do negócio a criação de soluções. \\\\\\\”Em grandes empresas de tecnologia, esse modelo tem de existir e precisa ser consisten-te. Afi nal, geração de conhecimento é o cerne da área de TI\\\\\\\”, diz.
Como um diretor
O físico e matemático José Carlos Milano, de 56 anos, é um dos três Distinguished Engineers da IBM Brasil. No plano de carreira da empresa, esse é o cargo máximo que um especialista em tecnologia pode alcançar. Ele está no mesmo nível da diretoria executiva. \\\\\\\”Meu cargo é superior ao do gerente geral da IBM da Colômbia, por exemplo\\\\\\\”, diz ele. Milano trabalha há 35 anos na área de soluções da IBM. Sua primeira função foi como profissional de suporte técnico de mainframes. Hoje, é um arquiteto de soluções. Sem precisar liderar uma equipe, ele trabalha em pesquisas. Uma de suas missões é criar aplicativos móveis para bancos. São programas que rodam em dispositivos variados e permitem realizar um grande volume de transações por minuto. Fora dos grandes grupos internacionais, que seguem uma política global de recursos humanos, a carreira em Y ainda é recente, mesmo em grandes companhias de TI. A Tivit estruturou seu plano de carreira em Y há dois anos.
E, diferentemente do que acontece na IBM e na HP, o topo fica abaixo do nível de diretoria. O físico Luis Cunha, de 60 anos, que responde por soluções de mainframe na Tivit, ocupa a posição mais alta de um especialista na empresa. Seu cargo equivale ao de um gerente geral na carreira executiva. Marcello Zappia, diretor de desenvolvimento relacional e humano da Tivit, diz que a companhia percebeu que era necessário estruturar as carreiras técnicas tanto para reter, quanto para atrair talentos. \\\\\\\”Depois que formalizamos a carreira de especialista, baixamos a mobilidade na área\\\\\\\”, avalia.
Y capenga
\\\\\\\”Mesmo com a carreira em Y, são raros os especialistas que conquistam os mesmos benefícios dos executivos\\\\\\\”, afi rma João Paulo Camargo, diretor da de TI e de telecom da Asap, da área de recrutamento. \\\\\\\”O traço do Y que corresponde à área técnica é sempre muito mais curto do que o do executivo. Quem quiser crescer tem de se desenvolver no caminho da gestão\\\\\\\”, diz. O engenheiro de processos e especialista em redes Victor Arnaud, de 31 anos, preferiu seguir a carreira executiva na área de TI. Desde 2009, Arnaud é diretor de processos e produtos da Alog, empresa de data centers com operações em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ele começou a trabalhar com internet aos 18 anos. Depois de uma certificação da Cisco e outra da Microsoft, Arnaud encarou uma faculdade e um mestrado em engenharia de processos. Foi para a Alog como consultor técnico, passou para a gerência e chegou à diretoria. \\\\\\\”O campo de atuação da carreira executiva é mais amplo e os salários podem ser maiores. Eu não ganharia o que ganho hoje na área técnica\\\\\\\”, diz.
A Alog consegue manter um plano de carreira para o especialista que segue só até o nível gerencial, diz Arnaud. \\\\\\\”Mas a maioria dos nossos especialistas gosta de trabalhar junto ao cliente e entende muito do nosso negócio. São pessoas que podem se desenvolver na área executiva\\\\\\\”, afirma. Para quem prefere escovar bits e quer distância de burocracias administrativas, gestão de equipes e metas de vendas, a dica dos especialistas é esmiuçar como funciona o plano de carreira em Y que as empresas afirmam ter. Se a realidade não corresponder às expectativas, o caminho é avaliar por quanto tempo essa empresa pode ser útil para o crescimento do profissional. Enquanto isso, é preciso manter o radar ligado para companhias que estejam realmente aptas a investir em especialistas.
A carreira técnica na balança
- Prós
- Permite aprofundar conhecimentos técnicos
- Possibilita lidar com menos burocracia
- Geralmente, não requer a administração de uma equipe
- A pressão por metas financeiras é menor
- O cargo máximo é quase sempre inferior ao dos executivos
- Quanto mais a pessoa se especializa, menor é seu campo de trabalho
- A remuneração tende a ser mais baixa que a dos gestores
- O profissional tende a ter menor visibilidade no mercado
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